sábado, 10 de dezembro de 2011

O dia em que soube que tinha morrido (Especial para o encontro da turma Maristas de 85) por Fernando Camelier

Parece um pesadelo, mas um dia me disseram que eu tinha morrido, o meu pâncreas estava mal e eu acabei não suportando.
Fiquei pensando nas consequências da notícia, no quanto minha mãe dizia que não queria me enterrar e no quanto minha esposa sofreria com isso.
Logo agora que encontrei a mulher da minha vida e estamos tão felizes...
Imaginei o quanto eu ainda poderia fazer pelos outros e que não teria mais essa chance, o perdão que não pude pedir a quem eu penso que tenha feito algum mal e a possibilidade de demonstrar o quanto admiro os meus amigos.
Mas a notícia espalhou e consegui enxergar alguns que sofreram e que agora estão pensando na visão fantasmagórica de um eu muito doido... Mas essa é a minha cara, desde que me conheceram eu era assim e não é a pseudo-morte que vai me fazer mudar esse meu jeito...
E eu que pensava em andar de carro elétrico todos os dias, que pensava em construir uma moradia sustentável e estava com um projeto para diminuir nosso consumo de energia e água...
Putz... Fui morrer logo agora que comecei a correr e estou enchendo meu armário com medalhas de participação de todas as provas que aparecem pela frente...
E eu pensando que estava buscando saúde...
E aquele negócio do fazer a minha parte?
Eu já plantei uma árvore, mas ainda não fiz um filho e o livro tá programado pra daqui a uns 30 anos.
Nesse instante eu pensava na feijoada que ia rolar em 2015 com a turma Maristas, meus amigos que mesmo estando distante nunca são esquecidos...
Não, me recuso a ir por enquanto...
Meu braço ficou roxo de tanto beliscão, mas dessa vez passou longe e começo a perceber que continuo aqui.
Vou me escondendo da morte enquanto tiver fôlego e sigo na vida feliz e dançando...
Então dance comigo e viva feliz enquanto tem vida pra viver...
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Há alguns dias um bom amigo me falou que ficou feliz em receber notícias minhas pois toda a turma achou que eu tinha morrido.
Não morri, e peço a gentileza de quando receber essas informações que não deixem de me avisar.